Da tradição e do novo: a evolução do distrito do Pecém

Há uns anos uma embarcação Holandesa naufragou a certa distância da praia do Pecém que é conhecida de outros carnavais e fica localizada no município de São Gonçalo do Amarante, Ceará. Já sem esperanças, os tripulantes foram regatados por pescadores que estavam em alto mar buscando o sustento de suas famílias. Enquanto aguardavam retorno para seu país, puseram os pés na areia da beira-mar e se encantaram com o modo de vida daquela pequena comunidade que parecia não se importar com o tempo.

Aprenderam, com os locais a cantar a música “Aurora”, uma marchinha de carnaval muito conhecida na época. Usaram as vestes que lhes doaram, conheceram o Coco do Pecém e comeram à mesa com famílias daquele lugar que não imaginavam jamais existir. As memórias são de pescador apaixonado pelo mar, pelo Pecém e por tudo que a tradição do seu povo deixa sobre o município de São Gonçalo do Amarante.

Em maio de 1996 a vida pacata deu lugar ao ir e vir de pessoas de outras cidades que puseram suas mãos na construção de um dos maiores portos da América Latina. O Complexo Portuário do Pecém, literalmente, mexeu com as estruturas das famílias da região.

Antigamente o alimento vinha direto do mangue que beirava e, muitas vezes, corria junto ao mar, mas que atualmente se distancia e cria divisas através de bancos de areia. Pescadores e seus 60 anos de mar, viram a globalização chegar e se abrigar lado a lado com suas tradições. Grandes embarcações aportaram na Praia do Pecém. Os olhos atentos de quem veio muito antes observavam o movimento das águas que agora se confundiam entre efeito do vento e do peso das ferragens. Em 2001, iniciou-se a obra do quebra-mar, o gigante temido e amado estava sendo controlado pela evolução. Mas ali, em meio a tudo, os pescadores ainda criavam seus netos, bisnetos e lendas de vivências na imensidão azul.

Em 2002, o Pecém inaugurou oficialmente o seu Complexo Portuário, a nova era tinha pressa e vontade de caminhar a passos largos. Enquanto isso os nativos, saltavam, cantavam seu Coco, batiam os tambores e celebravam o que viveram e o que viria a partir dali e o que ficou escrito entre as areias do lugar.

Notícias recentes

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support